Mães Atípicas e a Culpa: Como lidar com esse sentimento

 Algumas estratégias podem ajudar na jornada sinuosa de mães no mundo atípico


Por Ariella Dias - psicopedagoga e terapeuta ABA



maternidade atípica
A maternidade é frequentemente retratada como uma experiência de amor incondicional e realização pessoal. No entanto, para muitas mães atípicas — aquelas cujos filhos possuem necessidades especiais, sejam físicas, cognitivas ou emocionais — a jornada da maternidade pode ser marcada por sentimentos de culpa e inadequação. 

Aliás, estudos científicos apontam que a culpa é um sentimento comum nas mães, independentemente do contexto. Mas, no caso das mães atípicas, pode ser exacerbado por diversos fatores. Vejamos os mais comuns:


Expectativas Sociais e Pessoais: As expectativas sociais de como deve ser a maternidade e o desenvolvimento infantil podem gerar uma pressão adicional. Mães atípicas podem sentir que estão falhando em cumprir essas expectativas;


Diagnóstico e Intervenção Precoce: O momento do diagnóstico de uma condição especial pode ser um ponto de inflexão. Muitas mães se questionam se poderiam ter percebido sinais mais cedo ou feito algo diferente para mudar o prognóstico;


Comparações Constantes: Comparar o desenvolvimento do filho com o de outras crianças pode intensificar sentimentos de inadequação e culpa;


Isolamento Social: Mães atípicas muitas vezes se sentem isoladas, pois nem todos ao seu redor compreendem suas lutas diárias, o que pode levar à culpa por não conseguirem proporcionar uma vida "normal" para seus filhos.


E esses são apenas alguns dos fatores mais comuns, ficando nítidos os desafios da maternidade atípica. A culpa é um sentimento que pode minar a força motriz que as mães precisam para lidar com os seus filhos e filhas, por isso é imprescindível o uso de estratégias para auxiliar nesta jornada. Confira algumas a seguir: 


Busca de Apoio: Grupos de apoio para mães e pais de crianças com necessidades especiais proporciona espaços seguros para compartilhar experiências e obter informações por meio de outras vivências;


Educação e Informação: Entender a condição do filho e as opções de tratamento empodera as mães e reduz a sensação de impotência;


Prática de Autocompaixão:


Cultivar a autocompaixão ajuda as mães a se perdoarem e reconhecerem que estão fazendo o melhor que podem diante das circunstâncias enfrentadas;


Profissionais de Saúde Mental:


Terapia individual ou familiar auxilia a lidar com os sentimentos de culpa e a criar maneiras saudáveis para enfrentá-las;


Redefinição de Expectativas:


Aceitar que cada criança tem seu próprio ritmo e que a definição de "normal" é diversa pode aliviar a pressão sobre as mães.


Por fim, apesar dos fatores e das estratégias aqui elencados, é preciso chamar a atenção para a necessidade da reflexão deste assunto sobre o viés sistêmico, ou seja, considerando toda a complexidade que a maternidade atípica possui. Inclusive, no âmbito da interseccionalidade que suscita as múltiplas camadas de opressão e privilégio que moldam as experiências individuais de cada mulher.

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