O psicólogo infantil austro-americano Leo Kanner (1894-1981) desbravou os estudos sobre o transtorno, se envolveu em polêmica e conquistou o reconhecimento científico
Responsável pelos primeiros diagnósticos de autismo em 1943, Leo Kanner (1894-1981) é contemporâneo de outro grande expoente desta ciência, o médico austríaco Hans Asperger (1906-1980). Mais conhecido por Kanner, ele diagnosticou meninas e meninos com autismo, sendo mais tarde conhecido por autismo clássico. E, embora existam indicações de que Kanner conheceu o trabalho de Asperger, foi apontado como o primeiro cientista a diagnosticar o autismo.
Anteriormente, o autismo era confundido com a esquizofrenia e a deficiência intelectual. Foi Kanner que descreveu o transtorno como “distúrbios autísticos inatos do contato afetivo”, em 1943. E, embora Asperger também tenha identificado o autismo como uma condição distinta da esquizofrenia em 1938, com o termo “psicopatia autista”, Kanner não seguiu os passos de seu antecessor e desenvolveu o seu próprio método científico.
É importante contextualizar o período e lembrar os dois lados em que ambos estavam. Kanner teve a formação judaica e foi protagonista na ajuda a judeus no período nazista. Já Asperger tem o seu nome relacionado à eutanásia nazista de crianças.
Além disso, Kanner se destacou ao apresentar a sua própria metodologia científica com o grupo amostral formado por onze crianças, tendo publicado o seu artigo na revista The Nervous Child com a comprovação da sua teoria. Antes disso, ele já tinha buscado outras formas de encontrar uma possível causa biológica para o autismo, mas naquela época a ciência estava distante da psicanálise nos Estados Unidos, não tendo conseguido afastar essa influência naquele momento.
Dessa forma, a sua importância científica teve também o destaque ao unir áreas distintas de estudos. Estando o seu nome até hoje em destaque na sociedade, além das suas contribuições como as suas elucidações sobre as três grandes categorias de auxílio ao diagnóstico que são: a incapacidade no relacionamento interpessoal; o atraso na aquisição da fala; e as dificuldades motoras.
Tropeços…
Leo Kanner também teve os seus tropeços científicos, ao analisar pais e mães de autistas, os relacionandos à condição dos seus filhos. Tendo percebido que eram “perfeccionistas frios”, pensava que havia uma “mecanização das relações humanas”, ou seja, que as crianças eram “mantidas ordenadamente numa geladeira que não descongelava”.
Então, utilizou a expressão “mães-geladeiras”, termo esse que chegou ao seu ápice com o austríaco Bruno Bettelheim que, apesar de não ser formado em medicina ou psicologia, tinha muita popularidade, tendo a sua exposição estimulado o entendimento de culpabilidade das mães.
Kanner teve tempo de corrigir a sua teoria “mães frias” e absolver os pais desse julgamento. Mas, ficou marcado por esse tropeço, apesar de estar na lista dos cinco cientistas mais importantes do estudos sobre o autismo com o mérito de ter sido o primeiro da história a diagnosticar uma criança com esse transtorno.
Referência bibliográfica de Larissa Yule Amado Santos, mestre em Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Tiradentes (PPED/Unit-SE) e Simone Silveira Amorim, pós-doutora em Educação pela University Massachusetts, Boston. E Autismo e Realidade.
Gostei da explanação sobre Kanner, fiquei horrorizada com o Asperger.
ResponderExcluir