Interseccionalidade no Mundo Atípico: A exposição necessária dos problemas invisibilizados

 Nem sempre as formas de discriminação são evidentes, a vulnerabilidade pode estar por trás daquilo que não somos capazes de ver e racionalizar


A interseccionalidade é um conceito fundamental para compreender as múltiplas camadas de opressão e privilégio que moldam as experiências individuais, especialmente em grupos marginalizados. No contexto do "mundo atípico", que se refere às pessoas com neurodiversidade (como autismo, TDAH, dislexia, entre outros transtornos), a interseccionalidade assume um papel ainda mais crucial. Mas, para entrarmos nessa reflexão, primeiro precisamos compreender o que esse termo abrange.

Esse termo foi cunhado pela professora e ativista Kimberlé Crenshaw em 1989 para descrever as diferentes formas de discriminação social e as suas correlações.  Por exemplo, os diferentes fatores que influenciam a vida das pessoas em determinados contextos sociais, como uma pessoa com autismo sem condições financeiras para o acesso a tratamentos e outras com o mesmo grau de autismo, mas que têm os tratamentos adequados

A interseccionalidade é um conceito sociológico que delineia as diversas formas de enfrentamentos de vida que se inter-relacionam como: racismo, sexismo, capacitismo, homofobia, etarismo, xenofobia, etc. No campo da neurodiversidade, a interseccionalidade cruza as identidades atípicas com as outras formas de marginalização, ou seja, as pessoas neurodivergentes que também pertencem a outras minorias como, por exemplo, uma mulher negra que é autista enfrenta tripla discriminação (gênero, racismo e capacitismo ).  A interseccionalidade revela como essas formas de discriminação interagem, exacerbando a vulnerabilidade e marginalização dessa pessoa no contexto social.

Analisemos por outro ângulo, estudos identificaram que as meninas e mulheres fazem parte de um grupo subdiagnosticado por serem estereotipadas pelo comportamento menos expansivo. Isso é, estão mais sujeitas aos atrasos no diagnóstico devido à falta de apoio adequado para identificar os seus transtornos.

A interseccionalidade é um recurso contra os preconceitos, o capacitismo e as discriminações. Por meio dela, é possível identificar as desigualdades sociais em suas realidades complexas para a criação de políticas públicas mais assertivas .

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