Afinal, por que a Educação Especial é tão difícil de ser desenvolvida?

 Mesmo com os avanços no desenvolvimento do arcabouço teórico científico, a Educação Especial ainda é um problema principalmente no Brasil.


Por Ariella Dias - psicopedagoga e terapeuta ABA


Imagem: Portal da Educação


Antes de refletirmos sobre a questão da Educação Especial no Brasil, é preciso uma análise sobre a sua definição de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional  (LDB), que é a orientação brasileira que rege o ensino básico até o superior, tanto na rede pública quanto na privada. 

Segundo a LDB, a definição da Educação Especial refere-se à uma modalidade de ensino formulada especialmente para as pessoas portadoras de necessidades especiais que, no Brasil a partir da década de 1990, passou por inúmeras orientações conceituais a fim de compreender a dimensão desse universo. Para a melhor compreensão, vejamos por exemplo as mudanças no uso dos termos “integração” e “inclusão” que possuem significados distintos e impactam de formas diferentes nas metodologias ativas da Educação. 

Considerando que as pessoas portadoras de necessidades especiais possuem insuficiências particulares, mesmo estando incluída em um mesmo grupo unificado, percebe-se que a Educação Especial possuí os seus desafios e que não podem ser ignorados. Pois, ainda que uma escola esteja aberta para receber todos os indivíduos de forma “democrática”, essa tal “democracia” não pode ser resumida apenas à passagem pelos espaços públicos, que seria o entendimento sobre a “integração”. 

Por outro lado, a “inclusão” , que tem o conceito mais amplo, refere-se à participação de fato do processo educativo com, por exemplo, o acesso ao atendimento das necessidades. Portanto, a Educação Especial, no que tange o amparo à diversidade social, deve garantir meios apropriados para tais demandas. 

No caso das escolas comuns, que na atualidade em sua maioria atuam de forma “integradora”, deveria existir o emprego de mais profissionais de apoio como professores especializados, psicopedagogos e psicólogos, dentre outros, além de salas de apoio pedagógico e recursos adaptados, etc. 

Muitos países que no passado também concordaram com as políticas integradoras, hoje estão revendo os resultados obtidos e alterando as suas formas de atendimento com a aplicação de intervenções individualizadas e até parciais, conforme as condições especiais de cada indivíduo. 

Na prática, os sujeitos poderiam frequentar a escola comum com a participação em sala de aula com os demais alunos conforme as suas habilidades. E, em casos de dificuldades, terem os estudos individualizados com a equipe responsável. Nesse contexto, chegamos a um entendimento do que seria a “inclusão”, ou seja, o incontestável princípio da Educação Especial. 

No Brasil, ainda existem crianças e jovens com necessidades especiais sem frequentar a escola. Em casos mais satisfatórios, conseguem participar de ONGs ou instituições filantrópicas, mas nas escolas comuns, a grande maioria é unificada com outros indivíduos, independente da sua condição. 

Logo, retomamos à nossa questão inicial: “Afinal, por que a Educação Especial é tão difícil de ser desenvolvida?”. Visto o contexto explicado, apesar de o nosso país ter avançado com a definição de arcabouços teóricos científicos, na prática ainda somos dependentes de mais elaborações de políticas públicas direcionadas. Ficando clara a falta de mais interesse pelos grupos sociais marginalizados no mercado de trabalho tecnicista. 

Assim, podemos concluir a reflexão ao descortinarmos o que está por trás deste problema: o pensamento tecnicista, que é a supervalorização da força de trabalho operacional, sem o devido respeito à inclusão social. Isso não apenas é perverso, como também deixa claro o preconceito que leva à falta de interesse pela inclusão das pessoas portadoras de necessidades especiais. Por isso, no cerne da resposta da nossa questão inicial está a forma de a sociedade enxergar a inclusão social, que ainda é fortemente influenciada pelo mercado de trabalho excludente.   

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