Autismo: O que é masking ou camuflagem social

Entenda o termo e conheça as consequências maléficas que a sua prática ocasiona na vida das pessoas neurodivergentes


Por Ariella Dias - psicopedagoga e terapeuta ABA

A tradução do termo inglês "masking" é o "mascaramento", sentido que remete ao disfarce para a ocultação do que não quer se mostrar. No autismo, o seu entendimento tem o entendimento ampliado em direção à “camuflagem social”, ou seja, ao uso de estratégias comportamentais adotadas com o objetivo de seguir os padrões sociais utilizados pela maioria das pessoas típicas.

A condição do espectro autista apresenta estereotipias que são variantes, porém muitas delas podem ser consideradas não convencionais em ambientes sociais. O que leva ao incômodo das pessoas atípicas. Isso porque é comum serem julgadas ou estigmatizadas por seus comportamentos, ocasionando a sensação de inadequação em neurodivergentes. 

É importante ressaltar que o sentimento de “não pertencimento” aos grupos sociais não surge apenas na vida adulta, sendo a razão de muitas pessoas praticarem o masking inclusive de forma inconsciente. Isso é, como uma defesa natural desenvolvida ao longo da vida de forma espontânea para tentar se adequar às relações sociais. 

Contudo, essa prática requer esforços desafiadores para camuflar a verdadeira identidade, sendo as consequências destrutivas à saúde mental, emocional e até física. Pois, os esforços para demonstrar comportamentos inatos promovem o desgaste emocional intenso, prejudicando a autoestima e a autenticidade. 

A ansiedade e depressão são alguns dos problemas que, apesar de não haver estudos comprobatórios, levam à hipótese de estarem relacionadas até ao suicídio de pessoas atípicas. Portanto, saber o que é masking e o combater é essencial para a qualidade de vida dos indivíduos neurodivergentes. 

Infelizmente, no cotidiano é comum a prática de masking e, inclusive, sem a autoconsciência de sua prática. Por isso, é importante reconhecer os seus sinais. Vejamos alguns deles:

Comportamento Social Inconsistente: A pessoa comporta-se de forma variante em diferentes contextos sociais, em comparação com os momentos de privacidade;

Exaustão: A sensação de fadiga é comum após as interações sociais;

Falta de Autenticidade: A pessoa age de forma superficial sem espontaneidade;

Imitar Comportamentos: Este é o indício mais comum porque facilita a interação, contudo há a demonstração de certa insegurança nas formas de agir.

Esses são apenas alguns dos sinais da prática do masking, lembrando que existem também outras formas de estratégias para a tentativa de “encaixe” nos grupos sociais. Por isso, é importante que exista a informação disseminada na sociedade, para que qualquer pessoa seja capaz de detectá-las e auxiliar no esclarecimento para a inclusão de pessoas atípicas com a sua plena identidade. 

Referência bibliográfica de Neus Garín Sanchez, psicóloga em Barcelona (Espanha).

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