De acordo com a ONG Autismo e Realidade, a terapia ABA não é exclusiva de consultórios, pode e deve também ser adotada em casa e nas escolas
Por Ariella Dias - psicopedagoga e terapeuta ABAA terapia ABA (Análise do Comportamento Aplicada) é uma ciência e também um método terapêutico de princípios científicos que se concentra em analisar e modificar comportamentos para promover a aprendizagem e autonomia de pessoas que possuem algum tipo de transtorno, dentre outros problemas psicoemocionais.
Por ter alcançado inúmeros avanços no tratamento de quem possui o Transtorno do Espectro Autista (TEA), no Brasil é relacionada principalmente para essa finalidade.
Diversas pesquisas científicas têm comprovado os resultados positivos de tratamentos realizados por meio da intervenção comportamental, desde a década de 1960 quando Skinner (1953/2003) elucidou as relações entre organismo e ambiente para a condição dos comportamentos.
Segundo o psicólogo behaviorista, uma vez identificadas tais condições é possível controlar o comportamento por meio de esquemas com resposta direta à ação antecedente.
Desse modo, a terapia ABA é altamente individualizada e baseada em evidências, portanto cada sessão é adaptada à realidade de cada indivíduo conforme as suas especificidades. Sendo indicada pelos suportes de pesquisas científicas o tratamento com pelo menos 25 horas semanais, em somatório com todos os serviços oferecidos pela equipe multidisciplinar, ou seja, o conjunto de tratamentos geralmente composto por: terapia ABA, fonoaudiologia, fisioterapia, nutrição e outros.
Contudo, o tempo necessário é relativo conforme as especificidades de cada indivíduo, sendo generalizada essa recomendação de 25 horas semanais. Aliás, essa indicação não considera a realidade financeira da maioria populacional brasileira, pois mesmo as famílias que conseguem o acesso aos tratamentos por meio de plano de saúde, também enfrentam dificuldades para garantir a qualidade nos serviços prestados.
Outra questão igualmente importante é o entendimento equivocado sobre a terapia ABA como um serviço exclusivo de consultórios. De acordo com a Organização Não Governamental (ONG) Autismo e Realidade, formada pela associação de pais e profissionais de saúde para divulgar conhecimento sobre o TEA, a terapia ABA pode e deve também ser adotada em casa e nas escolas.
Essa compreensão amplia o olhar sobre os procedimentos, inclusive atribuindo à sociedade a responsabilidade social para o trabalho conjunto por meio de relacionamentos mais instruídos. Nesses termos, a terapia ABA precisa superar a aplicação dos procedimentos de intervenção apenas nos espaços clínicos para também abarcar os demais ambientes do cotidiano dos sujeitos com TEA, sendo essa a proposta da família integrativa que atuará como mediadora nesse processo, levando as informações aos demais espaços sociais sob a orientação instrucional.
Idealizei a nomenclatura Terapia ABA - Família Integrativa inicialmente para adaptar os meus PEIs (Plano de Educação Individualizado) à realidade das famílias que atendo, mas percebi na prática que é um método inovador capaz de transformar a vida de muitas famílias brasileiras, pois além de tornar o acesso mais democrático, também oferece a intervenção prolongada.
Este método é tão disruptivo que ainda torna-se viável para quem não tem os atendimentos de uma equipe multidisciplinar. Não que a Terapia ABA - Família Integrativa tenha a capacidade de substituir os outros tratamentos que devem estar em conjunto, não é essa a ideia. Mas, sim com uma maneira de auxiliar com mais pessoas envolvidas no trabalho coletivo.
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